O HISTORIADOR JACQUES LE GOFF
Publicado por Jorge Carvalho do Nascimento em 23 novembro 2009 às 13:11 em Biografia, Trajetórias e Prosopografia
O historiador francês Jacques Le Goff nasceu em Toulon, no dia primeiro de janeiro de 1924. Especialista em Idade Média, realizou importantes estudos a respeito da Antropologia histórica do Ocidente medieval. Ligado ao movimento da Escola dos Anales, sucedeu Fernand Braudel no comando da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris e cedeu seu lugar a François Furet em 1967. Le Goff renovou a pesquisa histórica sobre mentalidade e Antropologia da Idade Média, principalmente nos anos 80 do século XX, quando trabalhou em uma biografia da São Luís publicada em 1996. Dentre outros trabalhos, Le Goff é autor dos livros Mercadores e Banqueiros na Idade Média, O Nascimento do Purgatório, O Imaginário Medieval, História e Memória, História Religiosa da França (em parceria com René Remond), O Homem Medieval, A Europa Contada aos Jovens, Por Amor das Cidades, A Bolsa e a Vida, Dicionário Temático da Idade Média (em parceria com Jean-Claude Schmitt), O Deus da Idade Média, O Maravilhoso e o Quotidiano no Ocidente Medieval e São Francisco de Assis.
Para Le Goff, a História não é uma ciência como as outras. Palavra de etmologia grega, Historie significa inicialmente procurar, mas também testemunha, aquele que vê, aquele que sabe. Já Historein, grego antigo, tem o sentido de procurar saber, investigação, procura. Nas línguas românicas, História ganhou inicialmente o sentido utilizado por Heródoto: “procura das ações realizadas pelos homens”. Foi com este sentido que se empreendeu o esforço para constituí-la em ciência. Mas, representou também o objeto da procura, aquilo que os homens realizaram. De outra forma, significou ainda narração verdadeira ou falsa. Historicidade, portanto, é um conceito desligado das suas origens históricas, situado no primeiro plano da renovação epistemológica da segunda metade do século XX, que permitiu refutar no plano teórico a noção de sociedade sem história, refutada pelo estudo empirico das sociedades analisadas pela Etnologia e inseriu a própria História numa perspectiva histórica.
Le Goff entendeu que o discurso filosófico desdobrou a História em dois modelos de inteligibilidade. O modelo événementiel correspondendo a História dos acontecimentos e o modelo estrutural remetendo à História das grandes estruturas políticas e econômicas, o que levou ao desaparecimento da historicidade. A Historicidade, portanto, permitiu a inclusão no campo da ciência histórica de novos objetos e excluiu a idealização da História.
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